Real pode valorizar mais, mas com volatilidade, diz Goldman

Diferencial de juros e política monetária favorecem a moeda brasileira, mas incertezas sobre tarifas dos EUA e cenário fiscal interno podem gerar oscilações.

O real tem potencial para continuar valorizando-se frente ao dólar, embora com oscilações, de acordo com análise do Goldman Sachs. Fatores como incertezas fiscais e notícias sobre tarifas comerciais dos EUA podem influenciar o comportamento das moedas. Após um final de 2024 desafiador, o real se destacou como uma das moedas de melhor desempenho no acumulado de 2025, com o dólar recuando 7% em relação à moeda brasileira (passando de R$ 6,20 em dezembro de 2024 para R$ 5,70 em janeiro).

Teresa Alves, estrategista do Goldman Sachs responsável por um relatório sobre o câmbio, observa que há um padrão recorrente de saída de dólares em dezembro e setembro, seguido de entradas em janeiro e abril. “Existe uma correlação entre os movimentos do dólar/real e os fluxos cambiais ao longo do tempo, mas também há momentos de divergência significativa”, destaca o banco.

Em relação ao futuro, o Goldman Sachs avalia que o real está subvalorizado, com um diferencial de juros atrativo entre Brasil e EUA, além de um aumento no retorno ajustado pela volatilidade. Isso sugere que posições compradas em real continuam sendo uma opção interessante. A política monetária também permanece favorável ao câmbio, desde que as taxas de juros reais se mantenham elevadas.

No entanto, após uma forte valorização, é possível que o real à vista enfrente maior volatilidade, especialmente com o aumento das incertezas fiscais no final do mês. Além disso, o Brasil está entre os países que podem ser mais afetados negativamente por eventuais tarifas recíprocas impostas pelos EUA. Por isso, Teresa Alves mantém a recomendação de posições vendidas em euro contra o real.

Analisando o comportamento do real desde dezembro, a estrategista aponta que a dinâmica dos prêmios de risco específicos do Brasil e os termos de troca ajudam a explicar os movimentos da moeda. No final do ano passado, preocupações fiscais pressionaram o real, enquanto a recente valorização no início de 2025 está ligada à redução do prêmio de risco, com a diminuição dos temores sobre a dominância fiscal e uma melhora nos termos de troca.

Segundo Teresa, há uma diferença de cerca de 10% entre o desempenho atual do real e o valor considerado “justo” pelo modelo do banco. “Isso indica que o real ainda tem espaço para se valorizar com base nos fundamentos. No entanto, acreditamos que, para sustentar essa alta, é essencial um compromisso claro com a estabilidade fiscal no médio prazo”, conclui.

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