PIB EM ALTA COM CAOS INSTALADO? COMO É POSSÍVEL?

O crescimento econômico brasileiro esconde desafios estruturais que podem comprometer o futuro.

Imagem gerada po IA.

O PIB está crescendo, mas as perspectivas para a economia brasileira são cada vez mais sombrias. Como isso pode acontecer? À primeira vista, pode parecer contraditório, mas é importante analisar os detalhes e entender como a reedição das mesmas políticas leva inevitavelmente aos mesmos resultados.

As oportunidades sempre surgem, especialmente quando já há alguns sinais de mudança. No entanto, ao compreendermos a mentalidade de quem governa o país hoje, percebemos que deveremos passar por um período ainda mais complicado. Novamente, as oportunidades passam rapidamente sem serem aproveitadas.

Hoje, sexta-feira, às 13h, foi divulgado o resultado do PIB brasileiro. O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de tudo que o país produz. Vamos lembrar que o PIB é calculado por meio de uma fórmula específica. Já explicamos essa fórmula em outro vídeo, então não entraremos em detalhes agora. No entanto, é essencial entender como os números apresentados podem, muitas vezes, ser enganosos e não refletir a real situação econômica do país, especialmente quando políticas econômicas são repetidas sem inovação.

O PIB é composto pelo consumo das famílias (CF), investimentos privados, gastos governamentais e a balança comercial (diferença entre exportação e importação). Conforme os dados divulgados hoje, o PIB cresceu 3,4% no ano de 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões. No entanto, no trimestre, o crescimento foi de apenas 0,2%, abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,5%. No acumulado do ano, os 3,4% ficaram aquém da previsão de 4,1%.

Sob a ótica da oferta, os setores apresentaram desempenhos distintos: a agropecuária recuou 3,2%, a indústria cresceu 3,3% e o setor de serviços registrou um crescimento de 3,7%. Os investimentos cresceram 7,3%, mas, devido ao seu peso menor na média ponderada, não compensaram o impacto do consumo das famílias e dos gastos governamentais. O consumo das famílias aumentou 48%, enquanto os gastos governamentais cresceram 1,99%.

Outro dado relevante foi a taxa de investimento no Brasil, que alcançou 17% do PIB, um leve crescimento em relação aos 16,5% do ano anterior. Apesar disso, a taxa ainda é inferior à de outros países, como os membros da OCDE e emergentes, cujas taxas superam 30%. A taxa de poupança ficou em apenas 14%, um número preocupante, pois sem poupança prévia não há investimento, e sem investimento, não há crescimento sustentado com aumento de produtividade no médio e longo prazo.

Segundo o IBGE, um dos fatores que impulsionaram o PIB foi a melhora no mercado de trabalho, além do aumento do crédito e dos programas governamentais de transferência de renda. No entanto, quando o governo gasta mais e estimula o crédito de forma artificial, isso leva a um expansionismo fiscal que não se sustenta no longo prazo. A concessão de crédito consignado privado, a antecipação de aposentadorias e os juros subsidiados são exemplos desse estímulo. O governo assume o prejuízo ao oferecer empréstimos com taxas abaixo do mercado, o que gera endividamento público, desvalorização da moeda e aumento da inflação.

Esse expansionismo fiscal resultou em um déficit nominal de quase 10% do PIB, equivalente a mais de R$ 1,1 trilhão. Para financiar esse déficit, o governo precisa pagar juros mais altos e emitir dívidas com prazos menores, o que encarece ainda mais o endividamento. Assim, embora o PIB seja estimulado no curto prazo, a economia segue estagnada no médio e longo prazo.

A produtividade no Brasil está estagnada há 30 anos. Um estudo de Laércio Menezes aponta que mais de 70% dos jovens brasileiros de 15 anos estão abaixo do nível dois do PISA, um patamar muito baixo em comparação com países como Coreia do Sul e Finlândia. Os estudantes brasileiros acertam, em média, apenas 10% das questões do exame, um desempenho inferior ao observado em 1995. Isso evidencia um retrocesso na qualidade da educação, o que compromete a formação de mão de obra qualificada para um mundo cada vez mais digitalizado e impulsionado pela inteligência artificial.

Diante desse cenário, o crescimento do PIB depende majoritariamente da intervenção do Estado, que, devido ao alto endividamento, tem um fôlego cada vez mais limitado. A relação dívida/PIB já ultrapassou 80%, um nível preocupante.

O crédito subsidiado pode parecer positivo à primeira vista, mas ele transfere o prejuízo para o governo, resultando em mais impostos, mais endividamento e maiores taxas de juros. O gráfico do BNDES sobre 2024 mostra que os períodos de maior concessão de crédito coincidem com momentos de taxas de juros mais altas, o que indica que o Banco Central tenta conter a inflação elevando os juros, enquanto o governo injeta dinheiro na economia para gerar uma falsa sensação de prosperidade.

O ciclo econômico iniciado nos anos 2000, com a chegada de Lula ao poder, está agora em um ponto crítico. O endividamento explodiu em relação ao PIB e a inflação voltou a ser uma realidade preocupante. Apesar disso, há uma narrativa oficial que enaltece o crescimento do crédito pelo BNDES como um motor da economia, ignorando os impactos negativos de médio e longo prazo, como a desvalorização da moeda e o aumento da inflação.

O governo continua repetindo políticas populistas, como foi visto nas recentes medidas anunciadas para conter a inflação de alimentos. Essas medidas, no entanto, não atacam as causas estruturais do problema. A Petrobras, por exemplo, foi utilizada em gestões anteriores para financiar políticas públicas e agora volta a ser alvo de intervenção estatal, como demonstrado na retomada da política de estímulo à indústria naval, que já fracassou no passado.

O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também retorna com as mesmas promessas. No PAC 1, apenas 99% das obras previstas foram concluídas. No PAC 2, a participação da iniciativa privada aumentou, mas os projetos foram direcionados a empresas aliadas do governo. Agora, com o PAC 3, não há razões para acreditar que os resultados serão diferentes, especialmente em um contexto de endividamento ainda maior.

Apesar desse cenário desafiador, existe uma janela de oportunidade. O mercado tem mostrado que os títulos públicos e ações brasileiras estão sendo negociados a preços atrativos, sinalizando uma possível mudança em 2026. Resta saber se o Brasil conseguirá romper com o ciclo de políticas ineficazes e adotar medidas que promovam um crescimento sustentável no longo prazo.

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