O dólar iniciou esta quarta-feira (26) com forte valorização, atingindo R$ 5,80, impulsionado por dados do mercado de trabalho acima do esperado. Em contrapartida, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registra queda, refletindo a cautela dos investidores diante do novo cenário econômico.
Mercado Financeiro em Alerta com Dados do Emprego
De acordo com o Ministério do Trabalho, foram criados 137,3 mil empregos formais em janeiro, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, o resultado superou as projeções do mercado, que esperava um número três vezes menor.
O desempenho do mercado de trabalho tem impacto direto na política monetária e na trajetória da inflação, sendo um fator crucial para as decisões do Banco Central sobre a taxa Selic.
Cenário Político e Tarifas dos EUA no Radar dos Investidores
O ambiente político também influencia os mercados. A repercussão das medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiciona volatilidade ao câmbio. No Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue em busca de soluções para equacionar as contas públicas, mantendo os investidores atentos aos próximos passos da equipe econômica.
Cotação do Dólar e Impactos no Mercado
No início da tarde, às 15h48, o dólar operava em alta de 0,62%, cotado a R$ 5,7902, após atingir a máxima de R$ 5,8051. A moeda americana, que havia registrado uma leve queda de 0,01% no pregão anterior, acumula:
- Alta de 0,42% na semana;
- Recuo de 1,41% no mês;
- Perda de 6,88% no ano.
A valorização do dólar impacta diretamente importadores e exportadores, além de pressionar os preços de produtos dolarizados no Brasil, como combustíveis e eletrônicos.
Ibovespa Em Queda com Preocupações Econômicas
O Ibovespa registrava queda de 0,65%, aos 125.167 pontos, refletindo a incerteza do mercado com o cenário macroeconômico. No dia anterior, o índice havia subido 0,46%, aos 125.980 pontos.
Os dados acumulados do Ibovespa são:
- Queda de 0,90% na semana;
- Perda de 0,12% no mês;
- Alta de 4,74% no ano.
A preocupação com a inflação e com as contas públicas tem levado a um movimento de realização de lucros e aumento da aversão ao risco.
Inflação e Expectativas para a Selic
Os últimos dados do IPCA-15 mostram uma inflação de 1,23% em fevereiro, abaixo da expectativa do mercado (1,34%), mas ainda assim um aumento expressivo frente aos 0,11% de janeiro.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumula 4,96%, superando a meta do Banco Central, que é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%.
A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca que os resultados apontam para uma continuidade no ciclo de alta da Selic, podendo chegar a 15%. Entretanto, caso os preços de alimentos sigam em queda e não haja novas preocupações fiscais, poderá haver discussão sobre cortes na taxa básica de juros no segundo semestre.
Medidas do Governo e Perspectivas
O presidente Lula tem buscado formas de impulsionar a economia e melhorar a popularidade do governo. Entre as principais ações recentes, destacam-se:
- Expansão do programa “Pé-de-Meia” e do “Farmácia Popular”;
- Anúncio de mudanças no saque-aniversário do FGTS;
- Intenção de reduzir o preço dos alimentos.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou que o equilíbrio das contas públicas é fundamental, mas ressaltou que “não existe ajuste fiscal possível” sem crescimento econômico. Ele também reforçou que a solução dos desafios fiscais não pode recair sobre a população mais pobre.
Conclusão
O mercado segue atento aos desdobramentos da economia global e das medidas internas para equilibrar as contas públicas e controlar a inflação. A alta do dólar e a queda do Ibovespa mostram a preocupação dos investidores, que seguem de olho nas decisões do governo e nas políticas do Banco Central.
