Mercado repercute intervenção cambial e expectativas econômicas

O dólar iniciou esta terça-feira (18) em queda, operando a R$ 5,68, após o Banco Central realizar um leilão de US$ 3 bilhões. A ação, conhecida como leilão de linha — venda de dólares com compromisso de recompra —, foi a terceira intervenção cambial desde que Gabriel Galípolo assumiu a presidência do BC. O objetivo é aumentar a oferta da moeda americana e aliviar a pressão sobre o câmbio.
No cenário externo, as atenções se voltam para a geopolítica. Um telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin reacendeu a esperança de negociações para encerrar a guerra na Ucrânia, o que trouxe um clima de maior otimismo nos mercados internacionais. Além disso, investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) nesta quarta-feira (19), que deve oferecer novas pistas sobre o rumo da política monetária americana.
Cotações do dia
Às 14h50, o dólar registrava queda de 0,39%, cotado a R$ 5,6896. Na véspera, a moeda havia subido 0,29%, encerrando a R$ 5,7119. No acumulado:
- Semana: alta de 0,29%.
- Mês: queda de 2,15%.
- Ano: perdas de 7,57%.
O Ibovespa, por sua vez, operava em alta de 0,26%, aos 128.882 pontos, após subir 0,26% no pregão anterior. Assim, o índice acumulava:
- Semana: alta de 0,26%.
- Mês: ganho de 1,91%.
- Ano: valorização de 6,87%.
O que movimenta o mercado?
No Brasil, o foco continua nos últimos dados econômicos. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a prévia do PIB, apontou crescimento de 3,8% em 2024, apesar da retração de 0,70% em dezembro — o pior resultado desde maio de 2023.
Analistas destacam que, embora o mercado de trabalho aquecido e o aumento dos salários tenham impulsionado a economia, o último trimestre já indicava um esfriamento, reflexo da política monetária mais rígida. A Selic, atualmente em 13,25%, deve subir ainda mais, encarecendo o crédito e impactando o consumo.
Perspectivas e projeções
O boletim Focus desta semana reduziu a expectativa de crescimento do PIB para 2025, de 2,03% para 2,01%. As projeções para a Selic indicam uma alta para 15% ao ano até o final do próximo ano, enquanto a inflação anual subiu novamente, de 5,58% para 5,60%, superando o teto da meta do BC.
A partir de 2025, com o sistema de meta contínua, o Banco Central terá a missão de manter a inflação em 3% ao ano, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. O desafio será ajustar os juros com precisão, considerando que os efeitos das mudanças na Selic levam meses para se refletirem na economia real.
No cenário internacional, a expectativa está voltada para a ata do Fed, que deve indicar o caminho da política de juros nos EUA. Com a inflação ainda em foco, autoridades do banco central americano já sinalizaram a necessidade de manter a política monetária restritiva até que o progresso no controle dos preços seja mais evidente.
O mercado segue atento, equilibrando os sinais de desaceleração econômica e o otimismo moderado com a possibilidade de negociações de paz e maior estabilidade global. A combinação desses fatores deve continuar influenciando o câmbio e a bolsa brasileira nos próximos dias.